Uma planta versátil, resiliente e com atribuições únicas. A soja que vemos, hoje, crescendo nos campos do Brasil, é responsável por grandes transformações na nossa economia.
Grande parte do faturamento nacional com as exportações vêm das vendas da soja, principalmente das negociações no mercado asiático, que representa cerca de 70% da demanda.
Em 2021, dados da balança comercial brasileira, revelam que os embarques de soja para o exterior chegaram aos 86,63 milhões de toneladas. Número bem maior se comparado ao último recorde, registrado em 2018, quando as vendas internacionais do produto somaram 83,7 milhões de toneladas.
Atualmente é uma das principais commódities globais, com produção de 365,5 milhões de toneladas na safra 20/21. E a previsão é de um volume ainda maior na safra 21/22. O relatório do Sistema de Informação do Mercado Agrícola (AMIS), órgão do G-20, estima a produção mundial para a safra atual em 382,3 milhões de toneladas.
Coincidência ou não, o fato é que – de alguma maneira – estamos retribuindo em quantidade e qualidade aquilo que o continente asiático nos ofertou há milênios. Para quem ainda não sabia, a soja que conhecemos, teve suas origens “do outro lado do mundo”.
Entender sobre a construção da história é parte fundamental para a base de nosso conhecimento e para que tenhamos condições de argumentar, dialogar sobre os assuntos à nós dirigidos. Por isso, a Agência Rural e a Pantanal Agrícola replicam aos seus leitores, um pouco da história da leguminosa, contada pela Embrapa Soja. Boa leitura!
As origens, por Embrapa Soja:
A soja que hoje cultivamos é muito diferente dos seus ancestrais, que eram plantas rasteiras que se desenvolviam na costa leste da Ásia, principalmente ao longo do rio Yangtse, na China. Sua evolução começou com o aparecimento de plantas oriundas de cruzamentos naturais entre duas espécies de soja selvagem que foram domesticadas e melhoradas por cientistas da antiga China.
As primeiras citações do grão aparecem no período entre 2883 e 2838 AC, quando a soja era considerada um grão sagrado, ao lado do arroz, do trigo, da cevada e do milheto. Um dos primeiros registros do grão está no livro “Pen Ts’ao Kong Mu”, que descrevia as plantas da China ao Imperador Sheng-Nung. Para alguns autores, as referências à soja são ainda mais antigas, remetendo ao “Livro de Odes”, publicado em chinês arcaico.
Até aproximadamente 1894, término da guerra entre a China e o Japão, a produção de soja ficou restrita à China. Apesar de ser conhecida e consumida pela civilização oriental por milhares de anos, só foi introduzida na Europa no final do século XV, como curiosidade, nos jardins botânicos da Inglaterra, França e Alemanha.
Na segunda década do século XX, o teor de óleo e proteína do grão começa a despertar o interesse das indústrias mundiais. No entanto, as tentativas de introdução comercial do cultivo do grão na Rússia, Inglaterra e Alemanha fracassaram, provavelmente, devido às condições climáticas desfavoráveis.
No Brasil
No final da década de 60, dois fatores internos fizeram o Brasil começar a enxergar a soja como um produto comercial, fato que mais tarde influenciaria no cenário mundial de produção do grão. Na época, o trigo era a principal cultura do Sul do Brasil e a soja surgia como uma opção de verão, em sucessão ao trigo. O Brasil também iniciava um esforço para produção de suínos e aves, gerando demanda por farelo de soja. Em 1966, a produção comercial de soja já era uma necessidade estratégica, sendo produzidas cerca de 500 mil toneladas no País.
A explosão do preço da soja no mercado mundial, em meados de 1970, desperta ainda mais os agricultores e o próprio governo brasileiro. O País se beneficia de uma vantagem competitiva em relação aos outros países produtores: o escoamento da safra brasileira ocorre na entressafra americana, quando os preços atingem as maiores cotações. Desde então, o país passou a investir em tecnologia para adaptação da cultura às condições brasileiras, processo liderado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.
Os investimentos em pesquisa levaram à “tropicalização” da soja, permitindo, pela primeira vez na história, que o grão fosse plantado com sucesso, em regiões de baixas latitudes, entre o trópico de capricórnio e a linha do equador. Essa conquista dos cientistas brasileiros revolucionou a história mundial da soja e seu impacto começou a ser notado pelo mercado a partir do final da década de 80 e mais notoriamente na década de 90, quando os preços do grão começaram a cair. Atualmente, os lideres mundiais na produção mundial de soja são os Estados Unidos, Brasil, Argentina, China, Índia e Paraguai.
(Texto extraído, na íntegra, do portal da Embrapa Soja, em 17/01/22, às 12h37 (MS)
* Conteúdo: Pantanal Agrícola / Agência Rural